Porquê a utilização da Vitamina D?

Vitamina D cura tudo

Segundo os planos da Mãe Natureza o homem deveria viver na zona do equador. A luz solar era a principal fonte de vitamina D na época das cavernas. Entretanto os homens pré-históricos, como crianças desobedientes, afastaram-se muito do berço onde nasceu a vida e dirigiram-se para o norte. Conseguiram acomodar-se bem por lá graças à seleção natural e a uma alimentação correta. No clima com as latitudes mais a Norte sobreviviam as pessoas com a pele clara. A pele clara torna a vitamina do sol mais acessível, ao contrário da pele escura que protege da forte radiação solar. As pessoas que viviam perto dos pólos da Terra, onde o sol raramente se fazia sentir na pele, para obter vitamina D passaram a contar com a fonte universal de vitamina D: produtos do mar.

À medida que ultrapassamos latitudes com pouco sol encontramos grande número de pessoas com hipertensão. Pela mesma razão a hipertensão manifesta-se mais no inverno. E mais, a mesma correlação com a latitude observa-se para a incidência de diabetes, esclerose múltipla e tumores malignos.

O estudo de dados estatísticos a partir do ano 1941 permitiu determinar que a incidência de cancro é diretamente proporcional à latitude da zona onde a pessoa vive, à intensidade da luz solar nesta zona e, como consequência, ao défice de vitamina D. Esta correlação está tão bem estudada, que o défice de vitamina D é apontado como a causa principal de cancro. De modo que recomendam incluir a vitamina D nos protocolos para o tratamento de cancro.

A deficiência de vitamina D desempenha um papel chave na origem de muitas doenças. Eis algumas: enfarte do miocárdio, AVC, infeções, depressão, asma, artrite, psoríase, distúrbios metabólicos, obesidade, demência relacionada com a idade e doenças autoimunes.

As causas da doença tão grave, como a diabetes infantil ainda não estão determinadas até agora, mas sabe-se que a toma de óleo de peixe (óleo de fígado de bacalhau) pela mãe durante a gravidez diminui o risco do filho de desenvolver diabetes. Investigadores finlandeses demonstraram que a toma de vitamina D pelos lactantes diminui o risco de desenvolvimento de diabetes de tipo I num valor notável de 85%.

Foi descoberta recentemente a capacidade da vitamina D de diminuir a permeabilidade do epitélio da parede intestinal, impedindo assim a passagem para a corrente sanguínea de proteínas não digeridas totalmente, toxinas e micróbios. Assim, abrem-se novas possibilidades no tratamento de doentes com o diabetes de tipo I, doença celíaca, esclerose múltipla e artrite reumatóide.

A vitamina D possui excelentes características anti-infecciosas, tornando-se assim num método universal contra infeções bacterianas, fúngicas e virais, incluindo gripes e constipações.

Por exemplo, a bactéria Clamydophila pneumoniae frequentemente responsável por causar pneumonia, faringite, bronquite e sinusite, é eficazmente destruída pela ação da vitamina D na produção de agentes antimicrobianos naturais.

A poluição do ar, o facto de as pessoas permanecerem muito tempo em espaços fechados e a utilização excessiva e desnecessária de protetores solares contribuem em muito para a epidemia da deficiência de vitamina D. A toma de medicamentos para controlar os níveis de colesterol (estatinas), gastam e sequestram as reservas de vitamina D. Dados estatísticos obtidos no Canadá demonstram que 2/3 da população deste país sofre da deficiência de vitamina D.

Ao norte do paralelo 50 a pele não tem capacidade de sintetizar a vitamina D com a luz ultravioleta mesmo na época mais alta de verão.
 
Nos últimos anos, tem-se estudado muito o papel da vitamina D no corpo humano. Hoje, sabe-se que as funções dessa hormona vão muito além do metabolismo ósseo e que determinadas situações têm contribuído para a sua deficiência.

O colecalciferol foi equivocadamente chamado de vitamina D no início do século XX, quando a sua presença foi percebida no óleo de fígado de bacalhau como uma substância de estrutura química ainda desconhecida mas capaz de promover a recuperação e a cura do raquitismo, proporcionando a absorção de cálcio presente nos alimentos, numa quantidade necessária para o pleno desenvolvimento do esqueleto, sem o atraso e as deformações próprias do raquitismo. Atualmente, o colecalciferol é reconhecido não somente como uma substância esteróide (hormonal), mas como necessário para a regulação de 229 funções em todas as nossas células (controlada pela expressão genética). É produzido essencialmente por exposição da pele ao sol, não sendo encontrado em alimentos senão em quantidades mínimas, insuficientes para a execução das suas numerosas funções biológicas.

A deficiência de exposição solar própria da vida urbana moderna (associada ao uso indiscriminado de protetores solares) levou ao aumento da ocorrência de um número crescente de doenças que afetam virtualmente todos os órgãos e sistemas do organismo humano, sendo as mais notórias as doenças infecciosas e autoimunes, o cancro, as doenças cardiovasculares, hipertensão, diabetes, depressão, autismo, infertilidade, abortos espontâneos, eclâmpsia e pré-eclâmpsia.

A deficiência de vitamina D leva à perda da regulação de 229 funções também nas células do sistema imunológico, reduzindo a potência desse sistema no combate a infeções e permitindo a agressão imunitária contra o próprio organismo. Os indivíduos mais suscetíveis a desenvolverem doenças auto-imunes são parcialmente resistentes à vitamina D. Uma vez instalada a doença, são necessárias doses muito elevadas de colecalciferol para torná-la inativa, não somente para compensar essa resistência parcial, mas também para “apagar” da memória do sistema imunológico a falsa informação de que uma parte do corpo deve ser tratada como um micro-organismo invasor.

É de destacar que 7 em cada 10 portugueses com menos de 30 anos têm falta de vitamina D. Entre os mais velhos o problema é mais grave. Noventa e seis por cento da população, entre os 60 e os 90, tem um défice de vitamina D.

A falta de vitamina D é atualmente considerada uma pandemia mundial, tornando-se assim num problema de saúde pública, por isso a correção da sua deficiência (com utilização de doses diárias adequadas) além de ser por si mesma uma obrigação ética, é uma solução viável, fácil, potencialmente barata, no combate a inúmeras doenças, nomeadamente na minimização da intensidade de manifestações autoimunes graves.


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